O turismo enogastronômico em Minas Gerais

Poucas pessoas sabem que o plantio de uvas em Minas Gerais remonta ao século XVIII.

O célebre botânico francês, Augustin François César Provensal, conhecido por Saint-Hilaire, viajou pelo Brasil de julho de 1816 a agosto de 1822, período em que fez uma extensa pesquisa sobre plantas, animais e minerais e depois transformou seu aprendizado em livros que retratavam suas descobertas e constatações.

No livro “Viagem ao Rio Grande do Sul” o potencial de algumas regiões para produção vitivinícola são retratadas: “O governo devia encorajar, por todos os meios possíveis, o plantio da vinha e a fabricação do vinho nas regiões do Brasil onde possa haver esperança de sucesso, tais como nesta Capitania de Goiás, no Distrito de Diamantes e na Comarca de Sabará, na Capitania de Minas.”

Daí para frente, a produção de vinho em Minas Gerais passou por altos e baixos, para chegar hoje a uma posição relevante no cenário da vitivinicultura brasileira, por ser o local no qual a dupla poda ou poda invertida foi aplicada para a produção de uvas viníferas pela primeira vez no Brasil, causando uma verdadeira revolução.

No início dos anos 2000, em terras mineiras, o agrônomo e pesquisador Murillo de Albuquerque Regina, guiado pela semelhança do clima europeu na época da colheita de uvas, induziu a inversão do ciclo da videira para que a colheita só acontecesse no inverno, período seco, que geralmente não chove, e que existe uma maior amplitude térmica com dias ensolarados e noites mais frias, o que torna um ambiente propício para a produção de uvas de excelente qualidade, que desde então tem gerado vinhos reconhecidos e premiados.

Dessa forma, o estado tem produção de uvas para vinhos de mesa, sucos de uva e vinhos finos, com colheitas no verão e inverno.

De lá para cá, o panorama do vinho mineiro tem só expandido, assim como a técnica de plantio aprimorada.

O turismo mineiro, que já conta com várias opções para entretenimento das pessoas, agora aproveita o segmento do vinho para diversificar ainda mais.

Os terroirs com suas identidades não somente produzem a bebida dos deuses como também curiosidade. Aliado a isso, diversos produtores mineiros estão expandindo seus negócios para atividades econômicas em torno do vinho.

O turismo enogastronômico tem atraído visitantes e consequentemente divisas para o estado, gerando emprego e renda.

Bons ventos sopram em Minas Gerais.

Casa Geraldo

Localizada em Andradas, no sul de Minas, a 490 km de Belo Horizonte, a Vinícola teve as atividades iniciadas em 1969, se firmando como uma empresa tradicional na produção de vinhos de mesa e sucos, sendo que recentemente está produzindo vinho finos premiados.

Possui uma estrutura equipada para recebimento de turistas, sob agendamento, aos domingos, quartas, quintas, sextas e sábados, além de feriados.

São oferecidos pacotes diferenciados que chegam até a opção de visita acompanhada pelo enólogo e o passeio em uma pitoresca jardineira.

Vinícola Torre de Orsaia

Também localizada no sul de Minas, tem um programa de visitação diária, conta com hospedagem e espaço para eventos.

https://www.instagram.com/vinhostorredeorsaia/

Bárbara Eliodora

Em São Gonçalo do Sapucaí está localizada uma das vinícolas mais belas de Minas Gerais, um projeto arrojado e inovador em meio a uma paisagem exuberante.

O nome pretende homenagear Bárbara Eliodora Guilhermina da Silveira, conhecida inconfidente e poetisa mineira.

Com diversos espaços, oferece visitação aos vinhedos tanto a pé como motorizada, passeio pela cave e tanques, degustação de vinhos com pães e queijos e a oportunidade de aproveitar de um belíssimo wine bar.

Funcionamento:

Loja – Todos os dias de 9h às 18h.

Wine Bar – De quinta a domingo das 12 às 19h.

Enoturismo – De quinta a domingo – duas turmas: às 11 e às 13 horas. De segunda a quarta com horário marcado.

Quinta do Campo Alegre

O retorno do plantio de uvas em Diamantina, Patrimônio Cultural da Humanidade, no Vale do Jequitinhonha, deu-se a partir de 2011, de forma experimental e vem evoluindo cada vez mais, resgatando uma cultura secular.

A vinícola está localizada a uma altitude de 1.395 metros, o que propicia a produção de extraordinários vinhos, além de uma vista privilegiada.

Os passeios seguem uma agenda pré-estabelecida e deverão ser agendados com antecedência.

https://www.instagram.com/quintadocampoalegre/

Vale do Gongo

Situada em Grão Mogol, distante aproximadamente 560 km da capital mineira, está instalada na região do norte do estado, na Serra do Espinhaço.

Os vinhedos foram plantados em 2017, sobre uma antiga mina de diamantes. A beleza natural é exuberante e o terroir de altitude garante vinhos de muita personalidade.

Está aberta aos sábados e feriados e na programação consta passeio guiado pelos vinhedos, café sertanejo com quitandas mineiras assadas na hora, degustações de vinhos e jantar completo harmonizado ao som de música ao vivo.

https://www.instagram.com/valedogongo/

Vinícola Arpuro

Existem projetos que já nascem grandes e desafiadores.

No Triângulo Mineiro, em Uberaba, uma vinícola está sendo formada através da associação da tecnologia às características do terroir.

Uma região que até então era produtora de gado e de produtos agropecuários, agora ousa inovar com a plantação de videiras e de oliveiras por meio de um trabalho de preservação, sustentável e que busca a integração e valorização da comunidade.

Mesmo antes de produzir vinhos, já que projeto é recente, a vinícola está recebendo turistas para passeios e degustações harmonizada de variados rótulos.

O espaço para degustação, já em funcionamento, é da arquiteta Vanja Hertecert, que assina os principais projetos de vinícolas brasileiras, como o da Luiz Argenta.

https://www.youtube.com/shorts/E9rPEVSqzd8

Diversas outras vinícolas estão se preparando para o início das atividades enogastronômicas querendo oferecer uma imersão no mundo dos vinhos para os interessados.

Eventos, como “Juiz de Fora Wine Festival” e o “Festival Jazz e Vinho” em Tiradentes, são a prova que o vinho pode ser multiplicado.

Saúde!

“É verdade, alguns vinhos melhoram com o tempo, mas apenas se as uvas eram boas desde o princípio.”

Denise Alves Pereira é graduada em Turismo e em Comunicação Social com especializações em Marketing e Administração de Alimentos e Bebidas e MBA em Coaching. É sommelière e formada em Wine Business.
De 2002 em diante, passou a ministrar disciplinas relacionadas à Gestão de Alimentos e Bebidas, Cozinha, Organização de Eventos e Planejamento de Cardápios, em diversas instituições de ensino, em cursos de capacitação, graduação e pós-graduação.
É editora do site gastronomiaarteediversao.com.br no qual compartilha seus conhecimentos no campo gastronômico, vinhos, turismo, gestão e comportamento e gestora das páginas @vinhosdeminasgerais, @denisealvespereira_gastronomia e @tavinobh.
Consultora para negócios de alimentação e vinhos, englobando enogastronomia e enoturismo. Atua como palestrante, em função de sua vasta experiência como empreendedora, docente e pesquisadora.

O livro Gastronomia: arte e diversão serve como orientação para diversificar a alimentação já que trata sobre técnicas modernas para elaboração de cardápios, abordando as etapas para organização de uma refeição de sucesso.
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