Segundo dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) 2021, o número de mulheres no Brasil é superior ao de homens. A população brasileira é composta por 48,9% de homens e 51,1% de mulheres.
No terceiro trimestre de 2022, de acordo com pesquisa do mesmo órgão, O Brasil contava com 89,6 milhões de mulheres com 14 anos ou mais, sendo que 47 milhões faziam parte da força de trabalho.
O rendimento médio real mensal feminino foi registrado como 21% menor do que o masculino.
E o triste da pesquisa também é que 43% das mulheres ocupadas ganhavam até um salário mínimo.
Esse é um panorama que ilustra o que acontece em várias áreas da economia de forma indiscriminada.
A dura realidade da gastronomia
O setor de alimentos e bebidas sempre espelhou essa dualidade.
Até um passado recente, o aprendizado culinário era repassado de mãe para filha, uma vez que eram as mulheres responsáveis pela alimentação e nutrição da família. Essa responsabilidade, muitas vezes, se estendia à produção dos alimentos em hortas domésticas. Mas, raras vezes se tornava um trabalho remunerado e nem por isso uma oportunidade de trabalho fora do lar.
Ao contrário, o universo da gastronomia profissional sempre foi predominantemente masculino.
Em pleno século XXI, somente em torno de 7% de mulheres comandam os restaurantes que tiveram destaque na lista dos 100 melhores estabelecimentos do mundo e um percentual semelhante estão como chefs dos restaurantes estrelados pelo Guia Michelin – uma das mais renomadas publicações do meio gastronômico, conforme publicado no site “Chefs Pencil”.
Em outros cargos da cozinha, que não o de chef, e, em restaurantes que não sejam de alta gastronomia, por observação, nota-se uma participação um pouco maior do número de mulheres. Mas, inexpressiva ainda.
O ambiente de uma cozinha, em alguns casos, está longe de ter o glamour propagado pela imprensa.
Então, além de ser minoria, ter salários mais baixos e sua capacidade profissional questionada, as mulheres também são alvo de agressões físicas e verbais, talvez, por isso, muitas abandonam ou trocam de profissão.
Mais as coisas estão tendendo a melhorar.
Procurando proteger a mulher, seja ela trabalhadora ou cliente, dentro dos estabelecimentos da área de alimentos e bebidas e outros setores do mercado de entretenimento, estados e municípios brasileiros estão criando leis e projetos semelhantes ao “No Callen” – protocolo criado em 2018 pelo governo de Barcelona para oferecer acolhimento adequado humanizado para ações de violência contra mulher.
O governo de São Paulo sancionou duas leis em torno do assunto: a Lei 17.621/ 2023 – que obriga medidas de auxílio para mulheres em situação de risco e a Lei 17.635/2023 que dispõe sobre a capacitação dos funcionários de bares, restaurantes, casas noturnas e eventos a identificar e combater o assédio sexual e a cultura do estupro praticados contra as mulheres.
O Governo Federal promulgou a Lei 1.4457/22 que institui o Programa Emprega + Mulheres, alterou o art. 163 da CLT e tem sinalizado uma série de ações contra a desigualdade salarial.
A FHORESP – Federação de hotéis, restaurantes e bares de São Paulo publicou um e-book sobre normas de prevenção e enfrentamento para crimes de liberdade sexual e outras formas de violência. O material detalha tudo à respeito do assunto e serve como orientação para os profissionais do setor agirem caso mulheres se sintam em condições de risco dentro dos estabelecimentos.
Para acessar o e-book:
https://fhoresp.com.br/ebook-importunacao/
Aos poucos, a sociedade vai percebendo que tem que se mexer e não se calar. E as mulheres vão seguindo confiantes que vão trilhar caminhos baseados em igualdade e que tanto dentro como fora da cozinha merecem respeito e admiração.
Denise Alves Pereira é graduada em Turismo e em Comunicação Social com especializações em Marketing e Administração de Alimentos e Bebidas e MBA em Coaching. É sommelière e formada em Wine Business.
De 2002 em diante, passou a ministrar disciplinas relacionadas à Gestão de Alimentos e Bebidas, Cozinha, Organização de Eventos e Planejamento de Cardápios, em diversas instituições de ensino, em cursos de capacitação, graduação e pós-graduação.
É editora do site gastronomiaarteediversao.com.br no qual compartilha seus conhecimentos no campo gastronômico, vinhos, turismo, gestão e comportamento e gestora da página @vinhosdeminasgerais.
Consultora para negócios de alimentação e vinhos, englobando enogastronomia e enoturismo. Atua como palestrante, em função de sua vasta experiência como empreendedora, docente e pesquisadora.
Escritora do livro:
O livro Gastronomia: arte e diversão serve como orientação para diversificar a alimentação já que trata sobre técnicas modernas para elaboração de cardápios, abordando as etapas para organização de uma refeição de sucesso.
É dedicado tanto para amadores quanto para profissionais, trazendo dicas importantes para aqueles que buscam oferecer e obter prazer e diversão por meio da arte da gastronomia.
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