Segundo o Dicionário Aurélio, a Gastronomia pode ser definida como o “conhecimento teórico e prático acerca de tudo que se diz respeito à arte culinária, as refeições apuradas e aos prazeres da mesa.”
Nunca o assunto ficou em tanta evidência e parece que tão cedo sairá de cena.
Os números apontam para esse caminho: 45 mil postos de trabalho estão à disposição para aqueles que querem enfrentar uma cozinha; 9.633 novos alunos ingressaram nas faculdades de Gastronomia e 115 cursos superiores surgiram nos últimos 10 anos, de acordo com a Revista Época, de outubro de 2014.
No ranking da Revista Exame, entre 41 países, 11 têm carência de mão de obra para hotelaria e restaurantes. Entre eles a França, um dos berços da culinária.
Isso demonstra que só não há vagas para quem não aproveita as oportunidades.
Se observarmos a trajetória dos ensinamentos de Gastronomia no Brasil, vamos ter a confirmação deste panorama.
No início as receitas eram segredos de família. Os cadernos que as continham eram repassados de mãe para filha.
O livro Da Mandioca à Pizza aponta que, entre 1920/1940 , as receitas só eram publicadas nas páginas femininas dos jornais, nas revistas dirigidas às mulheres e em poucos livros.
Entre 1940/1950 a veiculação passou a ser através dos programas de rádio.
Em 1950, a televisão chegou ao Brasil e a programação das tardes ficou por conta de aulas de cozinha.
Em 1968, chegou às bancas o primeiro fascículo da Coleção Bom Apetite – com 4 mil receitas. Isso ampliaria definitivamente o cardápio nacional.
Nos anos 80, os livros de receitas culinárias começam a proliferar, passando a ser encontrados não somente em livrarias como também em supermercados.
Desta forma toma conta da mídia.
Novelas como Império e Babilônia, veiculadas pela Rede Globo, têm personagens que trabalham em cozinhas.
Os programas de TV voltados para o tema tem todas as formas de apresentadores: celebridades, atores, cozinheiros renomados, donos de restaurantes, gente que na maioria das vezes não entende das técnicas culinárias. Estão ali aproveitando o momento e o espaço não ocupado por aqueles que se dedicam a estudar e praticar de forma profissional.
Para o cinema o tema serviu como pano de fundo para diversos roteiros nacionais e internacionais. Alguns com expressiva bilheteria e fama, como é o caso de Ratatouille.
As publicações impressas vão de colunas e encartes em jornais e revistas, guias com indicação de estabelecimentos de alimentos e bebidas com definição dos melhores por categoria, revistas especializadas, revistas institucionais que produzem matérias sobre o tema como atrativo, revistas populares só com receitas e algumas que utilizam promoções que oferecem artigos de cozinha como brinde, além de publicarem matérias sobre almoços e jantares executados por famosos cozinheiros.
O tema Gastronomia é capa para muitas publicações reconhecidas, tais como Época, Cult, Super Interessante, Veja.
No segmento dos livros vamos ter uma infinidade de títulos abordando técnicas, gestão, receitas, história e dicionários desvendando os segredos dessa incrível arte.
O Turismo Gastronômico passou a ser olhado com bons olhos pelos promotores de eventos e pelas prefeituras. Aonde tem um produto ou preparação típica tem um evento gastronômico. E com eles turistas e injeção na economia local. Alguns contam com a participação estrangeira de renomados profissionais, como o Festival de Cultura e Gastronomia de Tiradentes – MG.
A participação de Minas Gerais em eventos no mundo afora tem ajudado a difundir a Gastronomia Regional. O estado foi o convidado de honra do Madrid Fusion, o maior evento relacionado à Gastronomia, realizado na Espanha em 2013.
Neste mesmo ano a Gastronomia Mineira foi apresentada na Feira de Livros de Frankfurt para um público estimado em 300 mil pessoas.
Além da participação em festivais no Uruguai e Argentina, no ano de 2015, já teve duas vitrines importantíssimas: a Gastronomia Mineira foi tema da Escola de Samba Salgueiro – 2a colocada no Carnaval do Rio de Janeiro e a participação em março da Feira do Livro em Paris.
Os eventos produzidos em Belo Horizonte relacionados à área são inúmeros: Botecar, Comida di Buteco, Brasil Sabor, Restaurant Week, Boa lembrança, Festa Italiana, festa Portuguesa, Fartura, Gastropark e por aí vai.
As redes sociais servem para a postagem de fotos de pratos, compartilhamento de receitas e preparações, além de veiculação de matérias sobre o tema e divulgações variadas sobre o ramo da alimentação.
O cozinheiro, Alex Atala, em seu livro Escoffianas Brasileiras escreve que “os profissionais de cozinha vivem um momento de transição. Com o surgimento de escolas especializadas e o glamour que cerca a atividade, saímos da informalidade e viramos profissionais reconhecidos.”
As escolas de formação profissional oferecem cursos de capacitação, técnicos, graduação, extensão e pós-graduação na área de Gastronomia e afins.
Os profissionais ao ingressarem no mercado de trabalho terão como opção para área de atuação os eventos gastronômicos; personal chef; cozinhas industriais e institucionais; hotéis, bistrôs, restaurantes e similares; atuar como docente, críticos e escritores; pesquisa e desenvolvimento e prestar consultorias.
Para o célebre Ferran Adriá, “é a profissão mais versátil do mundo. Como cozinheiro você de ajudar a população carente, pode contribuir com a cultura de sua terra e até a comunidade científica.
Só que nem tudo são flores. Por trás das caçarolas existem os pontos negativos.